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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Porque The Walking Dead é melhor que Fear The Walking Dead



O medo é um clichê, o fim do mundo é um clichê, estamos acostumados com o fim do mundo e não há nenhuma grande novidade em proteger desesperadamente sua vida de algo desconhecido e assustador, algo tão quase humano no limiar entre um doente e um morto que se confunde com uma pessoa. É natural lutar para sobreviver, é clichê, estamos acostumados a ver milhares de pessoas desesperadas correndo para se salvar.



Fear fala do começo do fim do mundo, mais um começo de mais um fim. Nós (eu) criamos grandes expectativas porque já eramos (sou) fãs de TWD e Fear fala de especialmente um começo de um fim mas não é especial, porque o trataram como mais um e nós esperávamos algo mais. Pontuando aqui apenas questões de momentos narrativos que tiveram ou não sua relevância, muito mais do que analisar a qualidade ou falhas em detalhes, digo que o momento do apocalipse de Fear foi “ok” demais e isso é muito sem graça.



Mas vamos falar de falhas - aquelas sob o meu ponto de vista -  enredo e o fim do mundo especifico de TWD, esse presente em Fear.[spoiler] Fear The Walking Dead se passa durante o coma do Rick, conta como as coisas começaram, conta tudo o que nem nós e nem os personagens que conhecemos não sabiamos. Considerando que, com todo o andamento de The Walking Dead, alguns personagens ainda estavam confusos e desnorteados nessa nova realidade como Hershel acreditando que os *walkers eram apenas pessoas doentes - vamos desconsiderar o fato de ser um idoso que poderia acreditar facilmente em “qualquer coisa”. Outros personagens mesmo depois de tanta convivência hesitavam com a realidade distorcida em que viviam. Nesse contexto tudo era uma grande novidade. Mas Fear que, cronologicamente - dentro da narrativa - viria antes de tudo isso, não respeita vários aspectos: garotos nerds conhecem zumbis, as pessoas conseguem aceitar muito mais fácil que os walkers são apenas mortos, entre outras divergências e incompatibilidades. Não consigo ver um processo coerente de aceitação até chegar ao ponto no qual estão os personagens dentro de TWD, é como se no primeiro episodio de Fear fosse uma surpresa e depois estivesse tudo ok sendo que pra mim, para a série cumprir a promessa de se passar antes da outra essa transição de aceitação deveria ser pelo menos mais lenta. [/spoiler]Fora isso, as questões pós apocalípticas são mais profundas para mim, continue lendo ;)



As verdadeiras questões vem depois do fim, elas se encontram no mundo pós apocalíptico. O apocalipse em si não é importante, não é revelador, não significa grande coisa, ele apenas zera o mundo e é esse mundo pós apocalíptico que revela as pessoas. É a reconstrução, o novo, a busca do que nunca será que realmente importa. Essa é a grande essência de The Walking Dead. A sobrevivência em mundo que não existe mais, com outros como você, tendo que reconstruir a moral e a ética depois que você aprendeu a conviver com *walkers é muito mais complexa e reveladora. É esse cenário que traz a tona a essência de um individuo, seja sozinho ou num grupo; seja ela moral, imoral ou amoral. Quando sobra apenas matar ou morrer e nada mais importa, quando a cura ficou para trás e o verdadeiro inimigo é outro igual a você - não mais um walker. A sociedade deve se reerguer nesse contexto, é nesse cenário que estão as verdadeiras complexidades. É Aqui que a humanidade se relativiza, que o bem e o mal são colocados em xeque.
Sabe aquele lance de ~ se existem tantos planetas será que só tem vida no nosso ~ agora pense em algo do tipo… num planeta tão grande provavelmente há outros grupos, então é assim que se relativiza a verdade: uma visão, muitas verdades, de que lado você está? A resposta é óbvia porque você só conhece uma verdade inteira, mas e se conhecesse todas elas, você ainda escolheria um lado? Você conseguiria ficar de um lado só conhecendo todos eles? Claro que não, por isso é tão complicado. Nós sabemos disso, sabemos que devemos considerar as outras versões mesmo sem conhecê-las só pelo fato de elas existirem, mas não fazemos isso, nós tomamos partido pela versão da verdade que conhecemos e acompanhamos. Porque somos humanos como os personagens e acompanhá-los também nos revela, não é genial?



Talvez você me diga “mas Fear é o comecinho de TWD e talvez te de a oportunidade de acompanhar outra versão de verdade e ….” , é, talvez, mas Fear morreu no clichê. Morreu no mais um fim de mundo em vez de O fim de mundo, o grande apocalipse de TWD. Ficarei com meu mundo pós apocalíptico de sobrevivência e recomeço do que nunca será.



*walker -> eu optei por usar o termo walker (errante) já que em nenhum momento da franquia original é usado o termo “zumbi”

3 comentários:

  1. Esse eu não vou ler agora pq não terminei a série, mas depois volto aqui hahaaha

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Sabe quando a vida nos procura e nos oferece algumas coisas a se pensar? Então... Quando eu li esse post algumas palavras me fizeram pensar, como por exemplo, escolhas, clichê, lados e a pergunta que fica de tudo isso é: "Até que ponto sabemos escolher o que queremos"? e "Até onde iríamos em busca dessa escolha"?

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