Fear fala do começo do fim do mundo, mais um começo de mais um fim. Nós (eu) criamos grandes expectativas porque já eramos (sou) fãs de TWD e Fear fala de especialmente um começo de um fim mas não é especial, porque o trataram como mais um e nós esperávamos algo mais. Pontuando aqui apenas questões de momentos narrativos que tiveram ou não sua relevância, muito mais do que analisar a qualidade ou falhas em detalhes, digo que o momento do apocalipse de Fear foi “ok” demais e isso é muito sem graça.
Mas vamos falar de falhas - aquelas sob o meu ponto de vista - enredo e o fim do mundo especifico de TWD, esse presente em Fear.[spoiler] Fear The Walking Dead se passa durante o coma do Rick, conta como as coisas começaram, conta tudo o que nem nós e nem os personagens que conhecemos não sabiamos. Considerando que, com todo o andamento de The Walking Dead, alguns personagens ainda estavam confusos e desnorteados nessa nova realidade como Hershel acreditando que os *walkers eram apenas pessoas doentes - vamos desconsiderar o fato de ser um idoso que poderia acreditar facilmente em “qualquer coisa”. Outros personagens mesmo depois de tanta convivência hesitavam com a realidade distorcida em que viviam. Nesse contexto tudo era uma grande novidade. Mas Fear que, cronologicamente - dentro da narrativa - viria antes de tudo isso, não respeita vários aspectos: garotos nerds conhecem zumbis, as pessoas conseguem aceitar muito mais fácil que os walkers são apenas mortos, entre outras divergências e incompatibilidades. Não consigo ver um processo coerente de aceitação até chegar ao ponto no qual estão os personagens dentro de TWD, é como se no primeiro episodio de Fear fosse uma surpresa e depois estivesse tudo ok sendo que pra mim, para a série cumprir a promessa de se passar antes da outra essa transição de aceitação deveria ser pelo menos mais lenta. [/spoiler]Fora isso, as questões pós apocalípticas são mais profundas para mim, continue lendo ;)
As verdadeiras questões vem depois do fim, elas se encontram no mundo pós apocalíptico. O apocalipse em si não é importante, não é revelador, não significa grande coisa, ele apenas zera o mundo e é esse mundo pós apocalíptico que revela as pessoas. É a reconstrução, o novo, a busca do que nunca será que realmente importa. Essa é a grande essência de The Walking Dead. A sobrevivência em mundo que não existe mais, com outros como você, tendo que reconstruir a moral e a ética depois que você aprendeu a conviver com *walkers é muito mais complexa e reveladora. É esse cenário que traz a tona a essência de um individuo, seja sozinho ou num grupo; seja ela moral, imoral ou amoral. Quando sobra apenas matar ou morrer e nada mais importa, quando a cura ficou para trás e o verdadeiro inimigo é outro igual a você - não mais um walker. A sociedade deve se reerguer nesse contexto, é nesse cenário que estão as verdadeiras complexidades. É Aqui que a humanidade se relativiza, que o bem e o mal são colocados em xeque.
Sabe aquele lance de ~ se existem tantos planetas será que só tem vida no nosso ~ agora pense em algo do tipo… num planeta tão grande provavelmente há outros grupos, então é assim que se relativiza a verdade: uma visão, muitas verdades, de que lado você está? A resposta é óbvia porque você só conhece uma verdade inteira, mas e se conhecesse todas elas, você ainda escolheria um lado? Você conseguiria ficar de um lado só conhecendo todos eles? Claro que não, por isso é tão complicado. Nós sabemos disso, sabemos que devemos considerar as outras versões mesmo sem conhecê-las só pelo fato de elas existirem, mas não fazemos isso, nós tomamos partido pela versão da verdade que conhecemos e acompanhamos. Porque somos humanos como os personagens e acompanhá-los também nos revela, não é genial?
Talvez você me diga “mas Fear é o comecinho de TWD e talvez te de a oportunidade de acompanhar outra versão de verdade e ….” , é, talvez, mas Fear morreu no clichê. Morreu no mais um fim de mundo em vez de O fim de mundo, o grande apocalipse de TWD. Ficarei com meu mundo pós apocalíptico de sobrevivência e recomeço do que nunca será.
*walker -> eu optei por usar o termo walker (errante) já que em nenhum momento da franquia original é usado o termo “zumbi”
Esse eu não vou ler agora pq não terminei a série, mas depois volto aqui hahaaha
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ResponderExcluirSabe quando a vida nos procura e nos oferece algumas coisas a se pensar? Então... Quando eu li esse post algumas palavras me fizeram pensar, como por exemplo, escolhas, clichê, lados e a pergunta que fica de tudo isso é: "Até que ponto sabemos escolher o que queremos"? e "Até onde iríamos em busca dessa escolha"?
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